Gazeta Médica da Bahia, No 2 (144)

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FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA, ATUALIZAÇÃO DE UMA IDÉIA INOVADORA

Naia Alban Suarez, Yoanny Rodriguez Calvo

Resumo


A intervenção arquitetônica num edifício de relevante importância como a Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus (FMB)
torna-se um grande desafio quando constatamos na sua origem, história e atualidade a atribuição de significativos valores
materiais e imateriais. Na historia de vida deste monumento, uma das transformações se destaca por suas grandes mudanças
físicas após o incêndio de 1905. O projeto realizado pelo arquiteto francês Victor Dubugras introduz um racionalismo construtivo
com uma exploração das possibilidades de volumetria, as novas formas de implantação e as novas técnicas construtivas. A
concepção do projeto de restauração para a FMB demandou o entendimento da essência da sua estrutura física na visão mais
ampla do conjunto, mesmo que as ações projetuais solicitadas estivessem restritas à Ala Nobre do Complexo Monumental da
Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. A nova intervenção se fundamenta, conceitualmente, numa leitura do edifício como
uma colagem de momentos históricos onde se propõe valorizar os espaços nobres consolidados, através da sua restauração e
recuperação, estruturando-os para o contemporâneo, e também, agregar valor estético aos espaços carentes, com intervenções
de caráter reversível através da espacialidade contemporânea. A situação encontrada de progressiva deterioração dos espaços
da Ala Nobre da FMB nos obrigou a uma superposição de etapas projetuais focando, inicial e estrategicamente, um dos espaços
mais importantes a serem restaurados: o Salão Nobre. A resposta foi dada através de um efetivo e vasto sistema de drenagem
facilitando a manutenção e limpeza das calhas de drenagem. Projetou-se uma nova infraestrutura técnica que permitisse a
adequação do salão às novas exigências como: sistema de ar condicionado, isolamento acústico, rede elétrica e equipamentos de
sinalização de emergência e combate a incêndios, de acordo com as especificidades dos bens a serem protegidos. Esta primeira
etapa culminou com a devolução à Academia Baiana de Medicina deste importante espaço no dia do Bicentenário da Faculdade
de Medicina, 18 de fevereiro de 2008. A restauração dos outros espaços constituintes da Ala Nobre deu seguimento às soluções
adotadas na cobertura do Salão Nobre e garantindo maior transparência e uma eficiente circulação do ar quente na cobertura
de vidro do pátio onde se localiza a escada principal de acesso. Outro elemento fundamental foi à total substituição, organização,
distribuição das redes necessárias para infraestruturar o edifício integradamente aos espaços com pouco valor estético. As
fachadas, pisos, corredores, grades, arcadas em pedra, mármores, portas e janelas foram restauradas conforme as premissas
de preservação da sua integridade, elementos decorativos, tipologias e técnicas construtivas. O êxito das obras de restauração
e a inauguração da nova Ala Nobre em julho de 2009 deve-se: à retomada da sede mátria por parte da direção da Faculdade
de Medicina para a sobrevivência com integridade de seu valor histórico no centro histórico; à iniciativa da Reitoria desta universidade
em provocar, articular e estruturar um projeto de captação de recursos junto ao Ministério de Cultura, através da
Lei Rouanet, com a captação junto a PETROBRAS do recurso para esta realização; e ao entendimento da complexidade como
conjunto arquitetônico que o edifício inspira.
Palavras-chaves: monumento; essência; contemporâneo; restauração; infraestrutura.

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