Gazeta Médica da Bahia, No 79 (143)

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LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA (LCD) NO BRASIL APÓS 60 ANOS DE SUA PRIMEIRA DESCRIÇÃO

Jackson M.L. Costa, Af Ali Uthant M.L. Costa, Ana Nilce Elkhoury, Ana Célia R. Bezerril, Aldina Barral, Ana Cristina R. Saldanha

Resumo


A leishmaniose cutânea difusa (LCD) é uma forma rara da leishmaniose tegumentar (LT), descrita em alguns países
da América e África. No continente americano é causada pelo complexo Leishmania (Leishmania mexicana, L.
pifanoi, L. amazonensis), transmitida no Brasil pelo Lutzomyia flaviscutellata. Realizou-se um estudo retrospectivo
dos casos relatados de LCD no Brasil desde 1945 (1ª descrição), com o objetivo de avaliar a doença em nosso país.
Foram estudados quarenta casos provenientes dos seguintes estados: Maranhão 16 (40%); Pará 8 (20%); Bahia 5
(12,5%); Mato Grosso 4 (10%); Tocantins 2 (5%); Acre 1 (2,5%); Amapá 1 (2,5%); Amazonas 1 (2,5%); Espírito Santo
1 (2,5%) e Pernambuco 1 (2,5%). A proporção entre masculino/feminino foi 2,4:1, média de idade 24 anos (6?75
anos), a faixa etária de maior comprometimento foi de 11?30 anos (47,5%). As apresentações clínicas mais prevalentes
foram: nódulos (81%), placas infiltradas (67,6%), úlceras (40,6%), tubérculos (46%), havendo predomínio nos
membros inferiores e face (67,7%), e membros superiores (61,3%). Em 14 (35%) pacientes houve comprometimento
mucoso, (um caso da perfuração septal). Exames laboratoriais: esfregaço/Leishmania realizado e (+) em todos os
casos, intradermorreação de Montenegro (IDRM) em 31 (77,5%) pacientes, 27 (87%) negativos, 1 (3,4%) falso
positivo; 3 (9,6%) negativo/positivo. Cultivo em meios artificiais, sorologia (RIFI/ELISA), e inoculação de hamster
(Cricetus auratus) em 23 (57,5%) pacientes (100% positividade). Em relação aos esquemas terapêuticos utilizados,
tivemos: antimonials trivalente (tártaro emético, fuadina, neostibosan, reprodal); anfotericina B, anfotericina B
lipossomal, pentamidina (isotionato), aminosidina (sulfato), antimoniais pentavalentes (Glucantime®), imunoterapia,
imunoterapia + antimonial pentavalente. Como conclusão: Observou-se refratariedade a todos os esquemas
terapêuticos utilizados; a L. amazonensis é a responsável pela doença no Brasil; o tratamento permanece um desafio.

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