Este trabalho se insere numa pesquisa mais ampla que tem como objetivo destacar os acadêmicos que foram sujeitos na história da primeira escola médica do país, neste momento de comemoração do bicentenário da Faculdade de Medicina da Bahia (FMB). Este artigo tem como objetivo específico preservar a memória do estudante de medicina Sérgio Cardozo (SC), um destacado abolicionista e republicano convicto. Ele foi também jornalista, escritor, juiz, farmacêutico e “médico prático”. Utilizou-se de fonte primária para o estudo histórico de sua vida acadêmica, além de entrevista com descendente (bisneta) de Cardozo e levantamento minucioso e análise crítica da hemerografia sobre ele, cheia de contradições e até informações fantasiosas. É descrita a trajetória bolicionista de SC desde o período acadêmico, com destaque para o resgate de um menino escravo que o Barão de Cotegipe, Ministro da Justiça, levava à Corte. O acontecimento levou o aluno a abandonar o curso de medicina no 5° ano, dedicando-se ao jornalismo abolicionista e republicano, tendo se transferido para trabalhar como secretário de redação do jornal de José do Patrocínio no Rio de Janeiro, de quem foi amigo. Escreveu contos, novelas e romance, além de uma memória histórica de Santo Amaro-BA. Retornou a terra natal, Berimbau, nomeado como Juiz Federal. Exerceu no povoado a prática de medicina e farmácia, de modo gratuito. Algumas homenagens, como nome de fórum no município emancipado de Conceição de Jacuípe, de rua no bairro da Liberdade em Salvador e de Prêmio de um núcleo cultural,impedem o esquecimento deste baiano ilustre, exemplo de consciência crítica para os estudantes de medicina.
Palavras-chave: Faculdade de Medicina da Bahia, abolicionismo, história do Jornalismo brasileiro.