Aspectos Inéditos do Funcionamento do Hospital no Sítio de Mont-Serrat, na Província da Bahia, Brasil, Mostrando o Atendimento, em Regime de Internação, aos Doentes de Febre Amarela no Período de 2 de Março a 8 de Novembro de 1854
Antonio Carlos Nogueira de Brito
Resumo
São apresentados fatos inéditos, colhidos por meio de estudos historiográficos, em derredor da atuação do hospital de Mont-Serrat no atendimento às vítimas da epidemia de febre amarela na província da Bahia no ano de 1854. Inicialmente, são tecidas breves considerações em torno do aparecimento da doença na Bahia, desde a sua primeira eclosão em 1686, até o seu retorno, em 1849, vitimando milhares de pessoas. Menos intenso foi o surto do mal nos anos de 1851, 1852 e 1853. O governo provincial estabeleceu, em “Acto” de 9 de abril de 1853, um hospital no subúrbio, no alto de Mont-Serrat, para recolher os enfermados pela febre amarella, em virtude do reaparecimento e aumento do número de doentes. Três meses mais tarde, em 20 de julho, o Conselho de Salubridade emitiu parecer contrário ao tratamento dos atacados pela febre amarela no hospital instalado na casa de residência do Dr. Paterson e fez restrições ao hospital no domicílio do Dr. Wucherer, criados com o mesmo escopo. Em outro “Acto”, ficou determinado que não fossem recebidos doentes da epidemia nos hospitais regimentais do Exército, e nos de Marinha, Polícia, e de caridade, da Casa da Santa Misericórdia, devendo-se encaminhar os enfermos ao hospital de Mont-Serrat. Os presidentes que governaram a província a partir de 1849 até 1854, demonstravam temor pela febre maligna e se acercavam de facultativos e da Comissão de Salubridade Pública para a adoção de medidas preventivas e curativas. Por conseguinte, nas suas “fallas”, os governantes apresentavam mapa estatístico do movimento do hospital e teciam considerações sobre os sintomas, tratamento e nacionalidades dos enfermados. Fontes manuscritas primárias inéditas revelam o funcionamento do hospital de Mont-Serrat no ano de 1854, particularizado neste trabalho. É mostrada a deletéria burocracia da administração provincial, causando empecilho ao desempenho do diretor do estabelecimento para bem acolher e curar as infelizes vitimas da calamidade, até que, em 8 de dezembro daquele ano, o nosocômio foi fechado por falta de doentes.
Palavras-chaves: Febre amarela, Hospital de Mont-Serrat, Salvador, Bahia.
Palavras-chaves: Febre amarela, Hospital de Mont-Serrat, Salvador, Bahia.
Texto Completo: PDF