Gazeta Médica da Bahia, No 1 (143)

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ACIDENTES ELAPÍDICOS NO ESTADO DA BAHIA: ESTUDO RETROSPECTIVO DOS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS EM UMA SÉRIE DE 14 ANOS (1980-1993)

Luciana L. Casais-e-Silva, Tania K. Brazil

Resumo


Serpentes corais (Elapidae) do Brasil restringem-se quase exclusivamente ao gênero Micrurus e raramente causam acidentes em seres humanos. Foram analisadas 69 fichas de pacientes atendidos no Hospital Central Prof. Roberto Santos (Salvador, Bahia) com história de picada por serpente coral, de 1980 a 1993. Destas, foram selecionados 10 casos comprovados pela identificação da serpente e 59 casos presumíveis, dos quais apenas 9 com sintomas típicos de envenenamento elapídico. Embora semelhante ao resto do país em relação ao perfil epidemiológico, a ausência de óbito e de sintomas que indicassem gravidade no envenenamento chamam a atenção, principalmente, considerandose o período estudado. Todos os casos analisados mostraram poucas manifestações neurológicas, mas sinais locais discretos, como edema (n=3, 30% para casos confirmados) e dor local (n=5, 50%, para casos confirmados) acompanhada de parestesia (n=6, 60%, para casos confirmados). A dificuldade em identificar o animal agressor, vinculada à classificação dos níveis de gravidade utilizados na época, parece estar relacionada a uma tendência em superestimar o número de ampolas de soro/caso. Alguns casos foram incompatíveis com a soroterapia administrada e colocaram
em risco a saúde do paciente. Conclui-se que os acidentes elapídicos no Estado da Bahia são caracterizados pela presença de casos leves. Sugere-se que sejam realizados estudos sobre o número de ampolas a serem usadas de acordo com o grau de envenenamento, de maneira a incluir o nível moderado na avaliação do quadro clínico do envenenamento elapídico. É necessário realizar treinamento e capacitação da equipe de atendimento na adequada identificação do tipo de acidente e do agente etiológico até o nível de espécie.
Palavras-chave: Micrurus. Bahia. Epidemiologia.

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