Gazeta Médica da Bahia, No 1 (139)

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A Aplicação e o Conceito de Raça em Saúde Pública: Definições, Controvérsias e Sugestões para Uniformizar sua Utilização nas Pesquisas Biomédicas e na Prática Clínica

Crésio Alves, Cristina M. M. Fortuna, Maria Betânia P. Toralles

Resumo


A categorização dos seres humanos em raça e etnia é um dos temas mais controversos e discutidos em medicina. antropologistas e geneticistas acreditam que, do ponto de vista biológico, raças humanas não existem. Para eles, raça é um construto social (baseado em características físicas) que se modifica com o tempo; e etnia um conceito que incorpora na sua definição variáveis culturais, sociais, religiosas, lingüísticas e dietéticas. Apesar desses argumentos, a variável raça continua a ser usada no ensino, prática e pesquisa médica, com o objetivo de avaliar diferenças sociais e biológicas na evolução das doenças e no seu tratamento. Na maioria das situações, traços físicos são os elementos utilizados para a classificação racial. Com o crescente aumento da miscigenação racial e étnica e a descoberta parcial do genoma humano, os profissionais de saúde tem sido desafiados a repensar os conceitos de raça e etnia. Alguns pesquisadores têm sugerido que tais classificações não possuem utilidade nas pesquisas biomédicas e que deveriam ser banidas. Outros acreditam que a variável raça influencia nas causas, expressão e prevalência de várias doenças e defendem seu uso. O objetivo desse trabalho é discutir a aplicação, conceito, controvérsias e classificações de raça; sua relação com etnia, racismo, medicina, doenças e farmacogenômica, e concluir com uma série de sugestões sobre como otimizar o uso desses conceitos nas pesquisas biomédicas e na prática clínica.
Palavras-chave: Raça, racismo, etnia, pesquisa biomédica, medicina, saúde pública

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