Gazeta Médica da Bahia, No 1 (143)

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IMUNOPATOGÊNESE DA MIELOPATIA ASSOCIADA AO HTLV-I

Silvane B. Silvane, André Luiz André Luiz, Edgar M. Carvalho

Resumo


O vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 é o principal agente etiológico da mielopatia associada ao HTLV-I/
paraparesia espástica tropical (HTLV-I-associated myelopathy/tropical spastic paraparesis, HAM/TSP), condição que
ocorre em somente 1 a 5% dos indivíduos infectados. A HAM/TSP é uma síndrome desmielinizante caracterizada por
fraqueza progressiva dos membros inferiores, espasticidade e hiperreflexia. Três hipóteses tentam explicar o papel do
HTLV-I no desenvolvimento da HAM/TSP: a primeira aponta para um mecanismo de citotoxicidade direta, a segunda
sugere auto-imunidade e a última é a “bystander” ou dano circundante que envolveria os linfócitos T CD4+ infectados
e os T CD8+ específicos para a proteína viral Tax, que juntos atravessariam a barreira hematoencefálica e produziriam
grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias levando a um processo de destruição tecidual. Os principais
determinantes de risco para o desenvolvimento de HAM/TSP são fatores virais, o polimorfismo genético do hospedeiro,
a carga proviral e a resposta imune do hospedeiro. Após infecção pelo HTLV-I as células T ficam hiperativados e
proliferam intensamente induzindo uma produção exagerada de citocinas pró-inflamatórias. Além do aumento de
citocinas pró-inflamatórias e quimiocinas importantes no recrutamento de células Th1, observa-se também uma
redução significativa das células T regulatórias (CD4+CD25+foxp3+). Estes dados sugerem que a produção exagerada
de mediadores solúveis e a ausência de modulação da resposta imune contribuem de forma significativa para a
resposta inflamatória observada na HAM/TSP. Como os mecanismos imunológicos são críticos na patogênese da
HAM/TSP as estratégias terapêuticas que visam os efeitos imunomodulatórios constituem a melhor alternativa para
controle da infecção.

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